Série Romaria da Medianeira

Reitor da Basílica fala da emoção ao ver fieis na Romaria

Luisa Neves

Ruben Natal Dotto nasceu em Silveira Martins e, aos 12 anos, começou a estudar no Seminário São José, onde começou a realizar o sonho de ser padre. Formado em Filosofia em 1971, na cidade de Viamão, e em Teologia, na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em 1975. No mesmo ano, foi ordenado padre em São Gabriel, cidade onde morou por oito anos. Em 1983, foi para Itália para fazer mestrado em Teologia Espiritual no Instituto Teresianum. 

Em Roma, conheceu o papa João Paulo II. Além de atuar em outras cidades da região, em Santa Maria, padre Dotto trabalhou no Seminário São José, foi o primeiro pároco diocesano do Santuário Basílica de Nossa Senhora Medianeira, onde também foi reitor e é pároco pela segunda vez. O padre trabalhou, ainda, na Paróquia Perpétuo Socorro e na Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Além de ser vigário geral da Arquidiocese, o religioso lecionou por mais de 25 anos no curso de Teologia da Faculdade Palotina de Santa Maria (Fapas). Aos 67 anos, nesta entrevista, ele conta sua trajetória e destaca a emoção de presenciar toda a devoção e carinho dos devotos de Nossa Senhora Medianeira, padroeira do Rio Grande do Sul.

VÍDEO: 300 mil participam da Romaria da Medianeira

Diário: O que mais lhe emociona na romaria?
Padre Ruben Natal Dotto: Sempre fico emocionado com a devoção e a prontidão do povo santa-mariense. É impressionante! A ajuda vem de todos os lados e de outras cidades também. Na Revolução de 1930, Nossa Senhora Medianeira salvou Santa Maria de um bombardeio. Vinte e três mulheres pediram ajuda a ela e foram atendidas. Até então, a devoção ainda era muito particular. Em 14 de setembro de 1930, foi realizada a 1ª Romaria da Medianeira com 1 mil pessoas. Não tem como não se emocionar com tanta fé. Fui sacristão do Santuário quando ainda era só a Cripta. Neste contexto, tenho acompanhado e conhecido diversos romeiros há muito tempo.

 Santa Maria - RS - BRASIL 08/11/2017 Santa Maria se prepara para a 74ª Romaria Estadual de Nossa Senhora Medianeira de Todas as GraçasPadre:  Ruben Natal Dotto, 67 anos
Foto: Lucas Amorelli / New CO DSM

Diário: O que a romaria representa para a cidade?
Padre Dotto: No aspecto social, a romaria é um grande aprendizado de fraternidade. O ato de caminhar junto é um exercício de solidariedade, com o qual as pessoas se conhecem, fazem parcerias, compartilham caridade, justiça e partilha, valores que não podem faltar na convivência humana. No aspecto turístico, é um enriquecimento. Quem vem de fora, sente-se acolhido pelos santa-marienses que preparam tudo para que esse dia seja mais uma oportunidade de convívio, encorajamento e paz no Coração do Rio Grande.

Padre do Santuário da Basílica fala sobre a fé em Medianeira

Diário: A peregrinação é inspirada na saída do povo hebreu do Egito, em busca da terra prometida?
Padre Dotto: Sim. Religiosamente, a romaria se inspira no livro de Êxodo, na Bíblia. Na caminhada no deserto, o povo se uniu para viver a fé no Deus verdadeiro e, por entre altos e baixos, chegou à terra prometida. Romaria, procissão ou caminhada, teologicamente nos faz experimentar a dinâmica do êxodo. É a figura da nossa vida, na volta para Deus pelos caminhos da fé de Maria. Aqui na cidade, Nossa Senhora Medianeira é o sinal sagrado colocado por Deus para comunicar e abraçar com ternura seus filhos e filhas, para demonstrar sua misericórdia e paixão e, para atestar que não nos abandona no deserto da vida. É importante dizer que não adoramos Nossa Senhora, mas a temos como nossa intercessora e auxiliadora – a Medianeira que nos leva a Jesus.

Em 1999 com o Papa João Paulo II, em Roma
Ao lado do Papa João Paulo IIFoto: arquivo pessoal / arquivo pessoal

Advogado ajuda no café da manhã dos romeiros

Diário: Como é o seu dia na Romaria da Medianeira?
Padre Dotto: Para nós, a romaria começa um dia antes, no sábado, com a Missa da Saúde, às 16h. Nessa missa, recebemos doentes em macas, a maioria acompanhados por cuidadores. Essa missa lota o Santuário e marca a Romaria. Mais tarde, ficamos na vigília, onde revezo atendimento, orações e confissões com outros padres. No domingo, às 5h, rezo a missa na Basílica, já com muitos romeiros. Depois, participo da animação de toda caminhada, no altar monumento. Em todo o tempo, ficamos à disposição para que nada falte aos romeiros. Às 10h, celebro outra missa e, às 17h, encerramos as atividades. É cansativo, mas vale a pena. O reitor do Santuário tem que ter solicitude geral, e isso é a minha maior alegria!

Padre Dotto gosta muito da tradição gaúcha e faz questão de participar do Desfile Farroupilha em Santa Maria
Foto: arquivo pessoal / arquivo pessoal

Diário: O senhor pode compartilhar alguma experiência marcante?
Padre Dotto: O que mais me marca são os olhos de Nossa Senhora na primeira imagem colocada na Basílica. Os olhos naquela imagem tem uma vivacidade inesquecível, pois acompanham as pessoas da porta do Santuário a todos os lugares por onde elas se movimentam. Esse quadro foi pintado por uma menina de 12 anos que, mais tarde, tornou-se religiosa, a irmã Ida Stefani, aqui de Santa Maria. Ela já é falecida. Sua obra tem uma beleza e uma dinâmica que geram paz e conforto a todos que chegam diante dela. Além disso, tem os milagres. Temos muito mais a agradecer do que a pedir. O Santuário é um remédio para a nossa alma.

Quem é a responsável pelos tradicionais doces vendidos na romaria

Diário: O que o senhor gostaria de dizer aos romeiros?
Padre Dotto: Que sejam bem-vindos! Sintam-se abraçados pela mãe que nos leva a Jesus. O Santuário no Coração do Rio Grande é o lugar onde Deus, pelo seu sinal sagrado, comunica sua ternura, graça e misericórdia. Nós, de Santa Maria, somos privilegiados por termos o Santuário ao alcance das nossas pernas. Que sejamos uma grande família de devotos da Medianeira. Que ajudemos a difundir essa boa notícia pelo Estado e pelo Brasil.

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